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Precarização do trabalho já cobra seu preço e empresas sentem impactos na contratação

Precarização do trabalho já cobra seu preço e empresas sentem impactos na contratação

11/12/2025
Fonte: Com informações PNAD/IBGE e CONTRAF

Relatos de entidades sindicais e estudos recentes indicam que a precarização do trabalho — caracterizada por arrocho salarial, contratos flexíveis e enfraquecimento da proteção aos direitos trabalhistas — começou a gerar impactos negativos também para as empresas.  

De acordo com reportagem da Contraf sobre esse tema, embora o desemprego esteja em queda — e a renda média dos trabalhadores tenha subido 5%, alcançando cerca de R$ 3.528 segundo a PNAD Contínua — diversos setores, especialmente comércio e serviços, relatam dificuldade crescente para contratar e reter funcionários.    

Principais reflexos para as empresas  

Rotatividade e escassez de mão de obra: após anos de “arrocho salarial, precarização e retirada de direitos”, muitas empresas encontram dificuldade para atrair candidatos dispostos a aceitar vagas com más condições ou baixa remuneração.

Pressão para melhorar ofertas de trabalho: para competir por trabalhadores, empresas têm adotado benefícios — como folgas mais regulares (abandonando escalas exaustivas como 6×1), convênios de saúde e incentivos extras.

Impacto na produtividade e estabilidade das equipes: a precarização implica contratos mais frágeis, menos garantias e instabilidade, o que, segundo estudos acadêmicos, contribui para absenteísmo, desmotivação, alta rotatividade e fragilidade estrutural nas organizações.  

O problema não se restringe à escassez de mão de obra. A expansão da contratação por meio de contratos via pessoa jurídica (PJ), por exemplo — modalidade frequentemente apontada como forma de precarização — vem sendo destacada por pesquisadores como uma tendência de risco tanto para os trabalhadores quanto para o mercado como um todo, conforme estudo da UNICAMP, de outubro de 2025.  

Esse tipo de relação de trabalho fragiliza direitos históricos (como FGTS, 13º salário, férias remuneradas e benefícios previdenciários), reduz a qualidade do emprego e contribui para a fragilidade da proteção social. Para as empresas, a consequência pode ser não só a dificuldade de formar equipes estáveis e qualificadas, mas também prejuízos em longo prazo relacionados à reputação, produtividade e ao custo de rotatividade.

Reflexão: um mercado de trabalho desequilibrado A precarização, impulsionada por leis e reformas trabalhistas com maior flexibilização, pode gerar um mercado de trabalho onde há oferta de emprego — mas as condições se tornam tão ruins que repulsam trabalhadores qualificados. Empresas que apostam em contratos precários e remuneração baixa podem, no fim, se deparar com carência de mão de obra, perda de produtividade e dificuldades para manter equipes — exatamente o oposto da promessa de “flexibilidade e economia de custos”.  

Segundo representantes sindicais, a situação revela que a “escassez de mão de obra” que empresas hoje alegam é, na prática, produto de um modelo de relações de trabalho enfraquecido.  

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