No período da campanha eleitoral, os gastos sigilosos no cartão corporativo do governo do presidente Jair Bolsonaro (PL), que disputou a reeleição e foi derrotado, aumentaram 108%, em comparação com a média mensal do ano passado. Mas, o sigilo de 100 anos imposto pelo governo nos gastos com o cartão impedem os brasileiros de saberem no que o governo gasta tanto dinheiro público.
Segundo dados do Portal da Transparência compilados pelo deputado federal Elias Vaz (PSB-GO), as faturas do cartão corporativo de agosto, setembro e outubro de 2022 somam R$ 9.188.642,20 - média de R$ 3.062.880,73 por mês. Em 2021, o gasto mensal era, em média, de R$ 1.574.509,64. De janeiro a outubro deste ano o governo gastou R$ 22.751.636,53, a maior despesa registrada desde 2016.
“Os valores são absurdos. Enquanto temos 33 milhões de brasileiros passando fome, Bolsonaro torra milhões com cartão corporativo, pago com dinheiro público, mantendo os gastos sob sigilo”, disse o deputado.
O deputado Elias Vaz já solicitou uma auditoria ao Tribunal de Contas da União (TCU) para saber o que causou aumento de despesas em relação à média anterior e se as faturas coincidem com a agenda de campanha de Bolsonaro. Ele disse que já pediu informações à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle da Câmara, para pedir auditoria do TCU. O objetivo é "detectar se houve abuso no período eleitoral com recursos públicos". O deputado quer saber ainda quantas pessoas acompanharam o presidente nas agendas.
“É preciso passar um pente fino sobre esses gastos. A auditoria é fundamental para detectar se houve abuso no período eleitoral com recursos públicos”, salienta Elias Vaz.
Gastos no cartão estão sob sigilos
No início do governo, Bolsonaro prometeu acabar com o cartão corporativo, meio adotado pelo presidente e seu vice para o pagamento de despesas pessoais: alimentação, supermercado, medicações, estadia em hotéis, entre outros gastos.
Mas, Bolsonaro não só não acabou com o cartão como é o presidente que mais gastou. E ao contrário dos seus antecessores, se nega a disponibilizar o dado sobre a natureza desses gastos, alegando ser uma questão de segurança. O gasto total desse cartão é disponibilizado no Portal da Transparência, mas o que foi adquirido não.
O presidente eleito, Lula (PT), prometeu acabar com o sigilo de um século imposto por Bolsonaro aos gastos com cartão corporativo e tudo mais que ele quer esconder e a lei garante que ele pode fazer isso.